Quando o Coração Escuta: Uma Jornada de Fé no Silêncio de Deus
Havia, entre os montes de Judá, um jovem chamado Eliabe, conhecido por sua disposição em ajudar todos ao seu redor. Desde cedo, ele ouvira relatos dos grandes feitos de Deus, dos milagres antigos e das provisões extraordinárias dadas ao povo. Mas, dentro de seu peito, havia uma inquietação:
Por que Deus parecia tão silencioso em sua vida?
Eliabe era fiel, trabalhador e buscava agir com integridade. Contudo, quando orava, sentia como se suas palavras subissem ao céu e retornassem vazias. Um dia, tomado pela angústia, ele se retirou para um vale afastado, onde os ventos dançavam entre as pedras e o silêncio parecia mais profundo que a noite.
Ali ele levantou uma pequena pedra como altar e clamou:
— Senhor, eu Te busco, mas não Te ouço. Caminho, mas não percebo Tua direção. Por que o silêncio permanece?
Nenhuma voz respondeu. Apenas o eco distante das montanhas.
Sentindo-se abandonado, Eliabe sentou-se e deixou que as lágrimas corressem. Foi então que um velho viajante apareceu, aproximando-se devagar, apoiado em um cajado gasto pelo tempo.
— Vejo dor nos teus olhos, jovem. — disse o ancião. — O que te traz a este lugar?
Eliabe hesitou, mas decidiu abrir o coração.
— Busco ouvir Deus, mas Ele não fala comigo. Não sei mais se caminho certo. Não sei se sou visto.
O velho sorriu com leveza, como alguém que já ouvira a mesma pergunta muitas vezes na vida.
— Diga-me, quando o pastor guia o rebanho, ele fala o tempo inteiro?
— Não — respondeu Eliabe. — Às vezes, ele apenas caminha, e as ovelhas o seguem porque conhecem seus passos.
— E quando o pastor está mais silencioso? — insistiu o ancião.
Eliabe pensou por um momento.
— Quando está conduzindo o rebanho a um lugar novo. As ovelhas precisam confiar, mesmo sem entender.
O velho assentiu, tocando o ombro do jovem.
— O silêncio de Deus não é ausência. É direção. Quando Ele não fala, Ele te ensina a caminhar pela fé e não pela vista. Há caminhos que só podem ser descobertos no silêncio.
E sem mais explicações, o ancião seguiu seu caminho. Eliabe tentou chamá-lo para agradecer, mas ele desapareceu na neblina como alguém que nunca estivera ali.
O jovem, então, percebeu algo profundo:
Deus não o abandonara. Apenas o guiava de uma forma diferente.
Ele se levantou, enxugou o rosto e disse:
— Se eu não O ouço, ainda assim O seguirei. Porque Seus passos são seguros, e Seu silêncio também fala.
A paz que há muito não sentia encheu seu coração. Ele retornou à vila com nova força, sabendo que o silêncio de Deus também pode ser um convite —
não para desistir, mas para confiar.
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